Luto infantil nos processos de divórcio

O luto infantil durante o divórcio dos pais é uma experiência complexa e dolorosa, que muitas vezes é subestimada pelos adultos ao redor. Para a criança, a separação representa uma ruptura em seu mundo familiar, trazendo sentimentos de perda, insegurança e, muitas vezes, culpa. Ela pode vivenciar o divórcio como uma perda de estabilidade, afetando profundamente seu senso de segurança emocional. O luto nesse contexto não é apenas pela ausência física de um dos pais, mas também pela quebra de expectativas e rotinas, o que pode desencadear tristeza, raiva, ansiedade e até comportamentos regressivos.

A mudança de rotina é um dos aspectos mais desafiadores para a criança durante o divórcio dos pais. Ela pode sentir que o mundo ao seu redor está desmoronando, pois as rotinas que antes proporcionavam segurança, como horários familiares, momentos de lazer e a convivência diária com ambos os pais, são alteradas abruptamente. Essa mudança pode gerar uma sensação de instabilidade, levando a criança a se sentir confusa e desorientada. A transição entre as casas dos pais, a ausência de um deles em momentos importantes ou a adaptação a novas figuras familiares, como padrastos ou madrastas, pode ser particularmente difícil. Com essas alterações, surgem sentimentos de medo e ansiedade, pois a criança precisa lidar com um novo formato de família e muitas vezes não sabe como expressar ou compreender essas emoções. A presença de uma rotina estruturada e previsível, bem como o apoio emocional dos pais, é essencial para ajudá-la a se adaptar de forma mais tranquila a essa nova realidade.

O acompanhamento psicológico é fundamental para que a criança consiga processar essas emoções de maneira saudável. A terapia infantil oferece um espaço acolhedor onde a criança pode expressar seus sentimentos, muitas vezes confusos, em relação ao divórcio, sem o medo de magoar os pais ou se sentir responsável pela separação. O psicólogo atua como mediador, ajudando a criança a entender que o divórcio não é culpa dela e que, embora a estrutura familiar tenha mudado, o afeto dos pais permanece. Além disso, a terapia ensina habilidades de enfrentamento que auxiliam a criança a lidar com as mudanças e a encontrar novas formas de se sentir segura e amparada durante esse período de transição.